27 de janeiro de 2019

Inveja em Ré Menor K626


“O mistério do teatro reside numa aparente contradição. Como uma vela, o teatro consome a si mesmo no próprio ato de criar a luz [...] Nenhuma forma teatral, nenhum antiteatro é tão novo que não tenha analogia no passado [...] O teatro pulsa de vida e sempre foi vulnerável às enfermidades da vida” (BERTHOLD, 2011, p. XI)[1]. Assim, a vida de Mozart pode ser comparada à essa vela, ao teatro: ele acendeu e apagou em poucos 35 anos. Paralelo a ele viveu Salieri, que viu em Mozart uma maestria e genialidade sem igual, mas também, as características claras de um bufão, de um ator da sociedade anacrônico, talvez à frente de seu tempo. Todas essas características geraram Inveja, o qual alimentou e corroeu por inteiro Salieri – um homem até então conciso, religioso e moral – que contribuiu para o declínio da saúde de Mozart, até a chegada de sua morte. Se estivesse em um Tribunal brasileiro, poderíamos julgar Salieri como autor de um homicídio culposo ou doloso? De qualquer forma a culpa se instalou na mente de Salieri e esse personagem, no espetáculo “Inveja em Ré Menor k626[2]”, discorrerá sobre a tão invejada vida de Mozart, sobre a relação de ambos e sobre suas atitudes enfadonhas ao objeto invejado!


[1] BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. 5. ed. São Paulo: Perspectiva: 2011.
[2] K626 – Nome dado a ultima obra de Mozart. É um Réquiem em Ré Menor, uma Missa Fúnebre.