“O
mistério do teatro reside numa aparente contradição. Como uma vela, o teatro
consome a si mesmo no próprio ato de criar a luz [...] Nenhuma forma teatral,
nenhum antiteatro é tão novo que não tenha analogia no passado [...] O teatro
pulsa de vida e sempre foi vulnerável às enfermidades da vida” (BERTHOLD, 2011,
p. XI)[1]. Assim, a vida de Mozart
pode ser comparada à essa vela, ao teatro: ele acendeu e apagou em poucos 35
anos. Paralelo a ele viveu Salieri, que viu em Mozart uma maestria e
genialidade sem igual, mas também, as características claras de um bufão, de um
ator da sociedade anacrônico, talvez à frente de seu tempo. Todas essas
características geraram Inveja, o qual alimentou e corroeu por inteiro Salieri
– um homem até então conciso, religioso e moral – que contribuiu para o
declínio da saúde de Mozart, até a chegada de sua morte. Se estivesse em um
Tribunal brasileiro, poderíamos julgar Salieri como autor de um homicídio
culposo ou doloso? De qualquer forma a culpa se instalou na mente de Salieri e
esse personagem, no espetáculo “Inveja em Ré Menor k626[2]”, discorrerá sobre a tão
invejada vida de Mozart, sobre a relação de ambos e sobre suas atitudes
enfadonhas ao objeto invejado!
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